quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

DOR FINGIDA XXXIV

DOR FINGIDA  XXXIV

Caminhando pelas ruas da amargura
saudoso de ti, bato de porta em porta,
como um pobre miserável que procura
um alento pr'a sua alma quase morta.

Pernoitando nas esquinas da saudade
eu descanso cultuando o doce sonho
de recuperar minha felicidade
- declarada nos versos em que disponho.

Pois se a esperança existe, ainda creio
que estaremos novamente, sem receio,
celebrando a nossa paixão desmedida

para, enfim, ao mundo todo proclamar
que tu resolveste para mim voltar
extirpando do meu ser a dor fingida!

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXXIII

DOR FINGIDA  XXXIIImusa inspiradora foi-se embora
deixei 


Para que criar mais versos como outrora
- pereceram os que eu fiz anos a fio -
se a ando nosso leito de amor vazio?

Para que falar de sonhos às paredes
quando sque elas jamais me ouvirão
e se todas as minhas fomes e sedes
só teus abraços e beijos matarão?

Para que falar da minha grande dor
se sou tido como poeta fingidor
e ninguém ouve meus gritos...nem você?

Para que seguir com todo este lamento
se nada me livrará do sofrimento
oriundo da tua ausência...para que?


GILSON MARINHO







DOR FINGIDA XXXII


            DOR FINGIDA  XXXII

Esta dor que s'tá ficando insuportável
pela certeza de nunca mais te ver,
lentamente vai tornando miserável
o meu sonho destinado a perecer.

Proclamaram ser a minha dor fingida
pelo simples fato de eu ser um poeta.
Porém hoje eu não vejo outra saída
pra cicatrizar esta ferida aberta.

Seguirei serenamente, musa, enfim
em busca do que foi reservado a mim
pelo destino - por vezes, traidor.

E ao final desta caminhada voraz
se lerá no meu sepulcro: "Aqui jaz
um vate fingido que morreu de amor".

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXXI


             DOR FINGIDA  XXXI


Vou seguindo meu caminho espinhoso
carregando no meu peito a dor fingida
que provoca este soneto doloroso
oriundo da falta de ti, querida.

Sigo em frente sem que a dor me dê uma trégua
no mais triste e deprimido dos caminhos
encontrando alguma rosa a cada légua
e a cada passo que dou...cem espinhos.

Mas quem liga para este torpe pranto?
Ninguém ouve as notas tristes deste canto
produzidas pela ausência do teu amor...

Afinal - como bem disse "Seu Pessoa"-
esta minha dor é só uma coisa à toa,
falso grito de um poeta fingidor!


GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXX


              DOR FINGIDA  XXX

Esta chuva que, insistente, cai lá fora
misturando suas gotas ao meu pranto,
faz com que meu verso chore a toda hora
pela falta que me faz quem amo tanto...

Esta chuva que já virou temporal
deixando meu triste ser todo alagado
me oferece, em consequência, o torpe mal
de ter o meu coração desabrigado.

Este temporal que o meu peito invade
provocando essa enxurrada de saudade
declarada no verso de pé quebrado

me tortura feito goteira de dor
transformando este poeta fingidor
em um mísero sonhador afogado...


GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXIX

 DOR FINGIDA  XXIX

A saudade que me maltrata, querida,
pela falta que o teu grande amor me faz
é a mesma que atormenta a tua vida
desde quando me dissestes "Nunca mais"!

Queres demonstrar que não sentes mais dor
com teu nome ao dizer que és "Muito Feliz",
porém todo vate é um grande fingidor,
mesmo tendo a própria vida por um triz.

Sei que tudo isto é culpa do sistema
que nos imputou a tenebrosa pena
de seguirmos em caminhos paralelos...

Pois se assim tiver que ser, musa querida,
vamos aflorando nossa dor fingida
nestes nossos versos tão tristes e...belos!


GILSON MARINHO





quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

DOR FINGIDA XXVIII


Esta dor é feito algum rio que nasce
na afluência do amor com a saudade.
Uma lágrima que rola pela face,
desemboca nos mares da insanidade.

Com meu fraco barco de amor eu desço
pelas corredeiras deste rio de dor
- que se o teu amor, querida, não mereço,
provarei do mar bravio o seu furor.

O meu bote salva-vidas é a esperança
- que quem nesta vida espera sempre alcança -
de no meio do oceano eu te encontrar,

reviver o nosso grande amor, querida,
e lançar esta minha dor tão fingida
de uma vêz por todas, no fundo do mar!


GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXVII


Quando alguém me perguntar, juro que nego
esta imensa dor que a mim tanto alucina
e que esta saudade a que tanto me apego
não passa de dor fingida e cristalina.

Direi mais: que este meu incessante pranto
nada tem a ver com nossa despedida
e que se o meu verso tem um triste canto,
é por outros baques que sofri na vida.

Mas se alguém olhar de perto o meu semblante
saberá ser eu um péssimo farsante
incapaz de ocultar minha própria dor...

Mesmo assim eu vou seguindo solitário
- conformado com este meu triste calvário
em que vivo...pela ausência deste amor!

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXVI


Hoje eu sou somente sombras do passado
aguardando silenciosamente o fim
na figura do poeta amargurado
desde que fostes pra bem longe de mim...

Teu retrato que guardei com tanto afinco
desbotou-se na poeira da saudade
transformando nosso barraco de zinco
na clausura deste amor - fatalidade!

Os meus versos já não fluem como outrora,
minha rima solitária por ti chora
lamentando o escurecer da minha vida.

Se não ouves mais meu grito, meu lamento,
vou caindo - triste - no esquecimento,
nos escombros desta minha dor fingida...


GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXV


Ao teu lado minha vida era completa:
nos meus olhos brilhava a felicidade
por saber que havia atingido a meta
de encontrar um amor pr'a toda eternidade.

Todos os espinhos foram extirpados
colorindo de poesia o meu caminho
certo de que nossos corações alados
se completariam no sereno ninho.

Mas um dia sem que eu pudesse supor
você veio me falar do fim do amor
que eu julguei - Quem dera! - fosse interminável!

De lembrança só me deixastes, querida,
no meu peito esta dor deveras fingida
que de tanto fingir s'tá insuportável...


GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXIV


Esta dor que vai sangrando dos meus versos
e que alguém me disse ser fingida dor
me acompanha nos meus caminhos dispersos
- triste sina pela perda do teu amor.

Esta dor que nasceu da tua saudade
fazendo a rima chorar eternamente
contraria a teoria de outro vate
que diz que o poeta finge a dor que sente.

Esta dor é o mais torpe atestado
de que não passo de um pobre viciado
neste amor que outrora tive para mim.

E se ainda insistirem em pressupor
ser fingida esta minha imensa dor
me abstenho de ter outro amor e...fim!

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXIII


Nesta minha caminhada pelo mundo
em que sigo buscando algum lenitivo
vou me transformando neste morimbundo
por saber que sem você não sobrevivo.

A desesperança mina pouco a pouco
doces versos que fluem deste meu ser
transformado-me neste poeta louco
que a razão perdeu por nunca mais te ver.

Esta dor que não quer mais cicatrizar
vai minando minha alma, sem cessar,
me levando - célere - ao fim da vida.

Me abstenho da cura com outro amor
e prefiro sucumbir com minha dor
- mesmo que digam ser ela dor fingida.


GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXII


A saudade de você já não dói tanto
como me doía algum tempo atrás
nem meu verso hoje derrama tanto pranto
que no meu caminho era tão contumaz.

Aquela dor que sentia já se foi
me deixando com a alma bem serena
e agora nada em meu ser - creia - dói,
só fluindo versos bons da minha pena.

Me livrei da dor que deveras sentia
transformando minha vida em poesia
- que fazer poemas é uma coisa boa.

No entanto, se você crê nisso tudo,
volto para o meu cantinho e fico mudo
por ver que não lestes nada de "Pessoa".

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XXI


A saudade bateu forte hoje em meu peito
na figura inatingível do teu ser
corroendo meu poema por saber
que te amar é uma virtude e meu defeito.

Pelas bordas do meu verso vão descendo
lágrimas de dor tão vis e incessantes
ao lembrar que fomos "eternos" amantes
e que a "eternidade" hoje está me doendo...

Sem você, o meu caminho vou seguindo
tropeçando nas pedras da minha dor,
padecendo de algum momento de paz...

E do que restou do amor vou construindo
o descanso eterno deste fingidor
com a frase lapidada: "Aqui jaz"...

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XX


Daquele nosso belo e tão grande amor
só restaram migalhas de uma saudade
revestidas de tamanha angustia e dor
que hão de seguir-me pr'a eternidade.

Vou sorvendo - com o peito em desalinho -
cada gole deste amor mal sucedido,
lamentando não te ter mais em meu ninho
- confessado neste meu verso fingido.

Na declaração tristonha que ora faço
mando junto - para ti - só um pedaço
dos destroços em que se formou meu ser.

Sendo assim eu vou tocando a minha vida
carregando esta minha dor tão fingida
que, em verdade, faz minh'alma perecer...

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XIX


"Seu Pessoa", se esta dor que julgo ser dor de amor
e que tu me contradiz dizendo ser dor fingida
dilacera este meu ser me ofertando o dissabor
da saudade que decreta a minha rima falida...

"Seu Fernando", se este pranto é um riso disfarçado
de um poeta que anseia ter de volta o seu amor,
considero-me então um vate capacitado
a seguir na produção de dores de um fingidor...

"Seu Pessoa", o seu poema que a todo instante me diz
que eu sou um fingidor confessando-me infeliz
pela dor desta saudade que o meu ser deveras sente,

gerou - quase sem querer - esta sequência fingida
que há de acompanhar nós dois pro resto da vida
até que tu te convenças de que este poeta não mente!


GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XVIII


A saudade que me chega de mansinho
nas rimas do meu verso de pé quebrado,
vem trazendo - sem nem fazer burburinho -
nossos momentos felizes do passado.

Chega no soneto, verso livre ou trova
dando à poesia este tom de tristeza
me imputando a esperança - sempre nova -
de que o amor reviverá...falsa certeza.

Que adianta a minha dor e o meu lamento
se é infindo este meu torpe sofrimento
por saber que não voltará meu grande amor...

Deixa fluir a dor da minha pobre pena
que o desabafo torna a vida mais amena
deste poeta que - dizem! - ser fingidor!


GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XVII


Desde aquele dia em que fostes embora
me deixando com meus versos em frangalhos,
meu relógio já não marca qualquer hora
- só vista nestes meus cabelos grisalhos.

O meu sonho de viver um amor eterno
esvaiu-se em completa desilusão
me deixando como herança este caderno
encardido e rasurado de paixão.

A saudade de você me desanima
e o meu verso já não busca qualquer rima,
não cicatrizando esta enorme ferida...

Caminhando pela estrada do passado
vou seguindo com meu ser amargurado
carregando a dor deveras tão fingida!

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XVI


Vou seguindo regando o nosso jardim
com o mesmo carinho de antigamente,
na esperança de que voltes para mim
refazendo o nosso enlace para sempre.

Vou plantando a semente desta saudade
na esperança de que renasça o amor
que no passado nos deu  felicidade
- que eu jamais conseguiria pressupor.

Todo dia sigo aguando esta semente
só pra ver se brota dela novamente
a doce paixão que nos uniu, querida.

Pois assim, quando alguém vier me indagar
possa então em definitivo provar
que esta minha dor jamais foi dor fingida.

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XV

Esta lágrima que brota do meu peito
e que teima em alagar os versos meus
é uma herança de um amor belo e perfeito
que, em ruínas, transformou-se num "Adeus".

Esta dor que me domina o coração
e que faz a rima ser só de saudade
faz nascer dentro de mim uma explosão
de lamento - compreender-me, ora, quem há-de?

Hoje triste e só, andando quase à toa
sigo contrariando a frase de "Pessoa"
que diz que todo poeta é fingidor

porque se o que ele diz fosse verdade
quem é que teria a capacidade
de, neste mundo, fingir tamanha dor?

GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XIV


Seu "Pessoa", essa minha dor
que me dói completamente
é por culpa de um amor
que acabou tão de repente.

Me deixou desnorteado
contaminando meus versos
por me sentir isolado
em meus caminhos dispersos.

Mas se eu sou um fingidor
como apregoa o senhor
- em seu poema assim diz -

vou seguir cantarolando
e escondendo esse meu pranto,
pois cantando sou feliz!


GILSON MARINHO

DOR FINGIDA XIII

DOR FINGIDA XIII

Vou contradizer "Pessoa" eternamente
que na sua teoria sobre a dor
diz que o poeta finge completamente
sua imensa e insuportável dor de amor.

Se o poeta finge esta dor realmente
como quer nosso "Fernando" pressupor,
então ouso te afirmar solenemente:
não consigo definir mais o que é dor.

No entanto eu te afirmo ser verdadeira
a dor que invade minh'alma hospitaleira
querendo nela habitar pr'a eternidade.

Por conta desta minha dor - triste lamento,
não aceito que digam ser fingimento
esta minha dor vinda da tua saudade!



GILSON MARINHO